sexta-feira, 25 de abril de 2008

Simplesmente Sophia



"Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, Nau Catrineta. Tive a sorte conhecer o poema antes de conhecer a literatura"

"(...) nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio"

"Quando comecei a escrever eu não sabia escrever"

"É-me necessário fazer versos, é-me necessário saber porquê"

"Aquele que vê o espantosso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo (...) Se em frente do esplendor do mundo nos alegramos com paixão, também em frente do sofrimento do mundo nos revoltamos com paixão"

"é a poesia que me implica, que me faz ser no estar e me faz estar no ser. É a poesia que torna inteiro o meu estar na terra"

" A poesia é para mim uma forma de vida ou a forma de via"

1 comentário:

Mar* disse...

"O êxtase do ar e a palavra do vento
Povoaram de ti meu pensamento."


Com a poesia de Sophia aprendi a olhar para as coisas com olhos de ver, pois só o real é verdadeiro. Aprendi a gostar das palavras, dos seu sons e vários significados; deixei-me contagiar pela luz, simplicidade e sentido estético e ético que a guiaram pela vida fora...

Quando leio Sophia, lembro-me sempre das palavras que a Maria Velho da Costa proferiu na missa aquando da sua morte:
"A Sophia foi um dos milagres acontecidos à nossa alma. Visionária do visível, reinventou uma sonoridade límpida para os nomes que damos às coisas, o mar, a luz, o fogo, a cal dos quartos onde se cresceu só, a justiça, a liberdade. Durante anos levantou a cabeça das nossas crianças para o assombro.
Fê-lo por uma conjunção muito difícil de encontrar no ser português: a paixão da claridade e a capacidade de confronto com o caos. Acho que foi essa a essência da sua vida e da sua obra: usar o gume da palavra clara e justa contra o horror e a espessura opaca do mundo que não cessaram nunca de a acossar. Perdemos também isso e a sua incitação a uma alegria por vezes feroz; indomável como a das grandes crianças. Perdemos a menina do mar alto."

Porque Sophia é sinónimo de poesia!

M*