quarta-feira, 12 de março de 2008
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.
---Sophia de Mello Breyner---
Para ti*
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1 comentário:
"Me dói a lua me soluça o mar..."
Porque o exílio de que Sophia fala no seu poema, é algo que todos nós já sentimos...existem exílios físicos, mentais ou simplesmente o exílio de estar demasiado longe para te dar um abraço quando me(nos) apetece ou preciso(amos)!
(Esse momento merecia ter sido captado com uma máquina de jeito e não um simples telemóvel, mas enfim...)
M* :)
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